terça-feira, 22 de julho de 2008

Entrevista com Ricardo Canavarro, treinador da ACR Vale de Cambra "quero e exijo estabilidade"


Qual o balanço que faz da temporada anterior?

Uma época, simplesmente, espectacular.
A ACR, infelizmente, viveu muita instabilidade, com muitas desistências e lesões. A determinada altura da época jogamos mesmo com 5 ou 6 elementos. No entanto, o grupo de trabalho conseguiu superar várias adversidades, como uns autênticos guerreiros.

A meio da época anterior foi promovido a treinador principal. Foi o momento certo para assumir o comando da equipa, nomeadamente com a saída de quase meio plantel?

Quando assumi a equipa tinha a perfeita noção de que iria ser difícil sermos campeões. Nessa altura íamos com um atraso para a concorrência muito significativo, mas também tinha a consciência que o grupo iria dar a volta ao que de menos positivo tinha acontecido, até então.

Juntamente com a equipa principal, na Taça Nacional o Ricardo Canavarro deu uma ajuda ao seu, agora, colega de equipa, António Jorge. Como avalia a performance dessa dupla que esteve presente na fase mais difícil da temporada de Juniores?

Não foi fácil, visto que eu tive que tentar estar em todo o lado ao mesmo tempo.
Dediquei várias horas aos miúdos a pedido do director responsável do escalão.
Como o Simão Pedro, que era adjunto do mister António Jorge, se havia demitido e porque o António Jorge estava sozinho, ao comando da equipa, e não estava a conseguir obter bons resultados, tive que fazer tudo para o auxiliar. Assim, a primeira coisa a fazer era perceber o que estava mal e melhorar. O mister dedicou-se de corpo e alma aos guarda-redes e eu à equipa. Conseguimos formar uma dupla formidável, tanto nos juniores como nos seniores. Penso que os próprios jogadores são as principais testemunhas do trabalho, por nós realizado.

A direcção da ACR acompanhou a secção conforme estava à espera?

Sinceramente, não. A ACR, infelizmente, espelha o que de menos bom se está a passar no País, a nível financeiro. Sabemos as dificuldades económicas porque todos estamos a passar. Talvez por isso as direcções que por lá têm passado como não querem ter muitas responsabilidades, têm deixado para as secções as questões orçamentais e assim torna-se mais difícil trabalhar.
Claro que não posso deixar de passar em claro um director em especial, o Sr. Manuel Pinho que vive em função da ACR e tenta dentro dos seus possíveis nunca deixar faltar nada às secções.

Sente que o futsal na ACR Vale de Cambra tem evoluído aquilo que estava estipulado aquando da sua criação como secção?

Penso que sim, nas camadas jovens estamos cada vez mais a evoluir, já se pratica bom futsal em Vale de Cambra.
A nossa equipa sénior está pautada como uma das melhores do distrito e isso é gratificante.

O que mais tem faltado a esta secção para evoluir?

Seguramente, ainda não competir a nível nacional.
Acho que para a ACR e para o futsal Valecambrense é necessário irmos para o nacional.

Em termos futuros o que espera desta ACR Vale de Cambra versão 2008/09?

Primeiro de tudo uma equipa de futuro com jogadores jovens e com vontade de vencer.
Afirmo sem medos. A equipa foi toda construída à minha imagem. Foi o ano que menos custou fazer a equipa. Todos os jogadores contratados e as renovações fizeram-no por vontade própria. Todos os jogadores querem mesmo vencer na ACR.
Não me importo de ouvir que a ACR só foi buscar jogadores ao campeonato distrital, estou farto de parasitas no futsal, aqui só há lugar para vencedores e para jogadores que queiram servir a ACR e não se queiram servir desta. Quem não quis ficar foi embora, não insistimos com os jogadores, quero e exijo estabilidade.

O plantel está fechado?

Em principio sim, falta só saber se vamos para os nacionais ou não. Se formos, talvez, iremos contratar mais um reforço.

Como treinador o que espera da secção de Futsal da ACR Vale de Cambra e qual o acompanhamento que entende ser o mais indicado para proporcionar garantias de um bom trabalho tanto para a equipa técnica como para o restante plantel?

Não vou pedir muito, somente o necessário para realizar a época sem sobressaltos. A nível de material e condições a ACR sempre se pautou como um clube de referência, o acompanhamento dos seccionistas também é fantástico, por isso estão reunidas as condições para uma boa época.


O Futsal da ACR Vale de Cambra iniciou, recentemente, um novo escalão, ou seja, as Escolinhas. Entende ter sido o momento, mais oportuno, para este escalão, na associação?

Não, de maneira nenhuma. O futsal em Vale de Cambra, como em todo o país, vive momentos de crise. É incompatível ter tantos escalões de futsal divididos por vários clubes numa zona tão pequena. Os clubes deviam-se juntar e definir o que era melhor para todos. Mas não cada um por si, acho que, nesta parte, o Município de Vale de Cambra deveria criar uma estratégia para todos os clubes e quem não cumprisse via ser-lhe retirado o direito ao pavilhão e subsídios. Tenho a certeza que assim os clubes se tentavam juntar. Como não perspectivamos que isso seja possível, num futuro próximo, a ACR teve que optar por lançar mais um escalão e optou pelas escolinhas.

No último defeso Ricardo Tavares concluiu, com distinção, o III Nível de Treinadores de Futsal. Sabemos que teve algumas propostas. Pode dizer quais foram?

Sim, foi uma experiencia memorável este nível 3. Estive em sistema de internato três semanas no Centro de Estágio de Rio Maior, que nunca vou esquecer e como é óbvio aprendi muita coisa.
Quanto as propostas, tive duas para clubes do Campeonato Nacional, mas como tinha assumido com a ACR e com os jogadores, optei por ficar por cá. Para além disso entendo que o projecto que a ACR tem para o futsal não fica nada atrás dos clubes que me fizeram proposta, mantive-me em Vale de Cambra. Não vou tecer comentários sobre os nomes até porque os clubes já têm os respectivos treinadores e pode gerar alguns atritos.
Sinto-me bem na ACR.

Com esta nova habilitação no Futsal o Ricardo Tavares tem o objectivo de assumir a equipa técnica de um clube com ambições superiores à ACR Vale de Cambra?

O futuro só a Deus pertence. Claro que é com bons olhos que vejo a minha carreira de treinador, sou um vencedor nato, isso podem ter a certeza.
Tenho como objectivo ser profissional de futsal, e sei que vou conseguir. No entanto, sou muito novo e tenho tempo, por isso vou esperar até que surja um bom projecto.


Quer deixar alguma mensagem aos cambrenses e aos adeptos do Futsal da ACR Vale de Cambra, em particular?

Sim, quero deixar varias mensagens:

1.º Aos juniores, quero agradecer pelo esforço e dedicação e dar-lhes os parabéns pelo campeonato conseguido, e pela participação na taça nacional.
2.º Aos todos seccionistas pelo trabalho exercido ao longo de toda a época e por se terem sacrificado no 2.º Torneio Cidade de Vale de Cambra, visto que não pude estar presente a maior parte do tempo.
3.º Ao Sr. Manuel Pinho que, sem duvida, é o grande suporte da ACR.
4.º A todo o público que nos tem acompanhado nesta caminhada de 3 anos.
5.º A todos os cambrenses, que nos apoiem e que venham ver os nossos jogos, pois não os defraudaremos.

Viva o futsal e viva Vale de Cambra

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